A troca dos filtros de combustível, óleo e ar do motor é corriqueira para quase toda manutenção preventiva. Porém, outro componente de filtragem muitas vezes acaba esquecido: é o filtro de cabine (também conhecido como antipólen ou de ar-condicionado), essencial para diminuir impurezas na ventilação do ar do sistema de climatização.
O filtro de cabine é responsável por reter fuligem, insetos, poeiras e demais agentes que poderiam passar do lado externo para a cabine do veículo. Alguns filtros contêm uma camada de carvão ativado que ajuda na retenção de odores. O uso do sistema de ar condicionado sem o uso do filtro (ou com o componente desgastado) vai permitir o acúmulo de materiais que favorecem a proliferação de fungos, vírus e bactérias no habitáculo, aumentando o risco de doenças respiratórias para o motorista e demais ocupantes.
“Esses materiais provocam uma contaminação do sistema cuja menor consequência é um incômodo mau cheiro: os fungos podem provocar reações alérgicas mais violentas nas pessoas mais sensíveis. Já as bactérias e os vírus, que levam a doenças no sistema respiratório, também podem se acumular em componentes mecânicos do sistema (articulações), podendo provocar travamentos e emperramentos”, descreve o professor de engenharia da FMU, Fernando Landulfo.
Segundo a fabricante de filtros Tecfil, o filtro de cabine é capaz de conter partículas até 25 vezes menores que um fio de cabelo. “Quando o filtro de cabine fica velho, as partículas de sujeira e bactérias começam a impregnar os dutos de ventilação. Com isso, todo o ambiente interno do veículo é contaminado”, explica o gerente de marketing e novos produtos da Tecfil, Plinio Fazol.
QUANDO TROCAR?
Em geral, recomenda-se a troca do filtro de cabine a cada 12 meses ou 10 mil quilômetros rodados. Porém, conforme explica a Mann-Filter, este intervalo pode variar de acordo com cada fabricante e com o tipo de região em que o veículo circula com maior frequência. “A vida útil do filtro de cabine depende do ambiente onde o motorista trafega. Se ele rodar sempre em vias urbanas, com alto tráfego de caminhões, ou em estradas de terra, por exemplo, o filtro chega a se desgastar em poucos meses. Para circulação em condições normais, recomendamos que a troca seja realizada uma vez ao ano ou a cada 15 mil quilômetros”, afirma o consultor técnico da Mann-Filter, André Gonçalves.
Um filtro saturado diminui a vazão de ar e força o sistema de ventilação e refrigeração a trabalhar com cargas mais elevadas, segundo a Tecfil. Com isso, até mesmo o consumo de combustível pode aumentar. Entre os sinais de desgaste do filtro que o próprio motorista pode detectar estão redução do fluxo de ventilação, presença de odores desagradáveis e, em casos extremos, partículas visíveis nas saídas do ar-condicionado.
A inspeção visual do filtro usado é o principal método para a indicação da necessidade de substituição. Se estiver sujo e escuro, é sinal de saturação. Porém, é preciso ficar atento a um tipo específico de filtro: o de carvão ativado, capaz também de reter odores. De cor cinza-escura quando novo, este filtro pode ser confundido com um filtro saturado. Por isso, é válido prestar atenção também na quantidade de impurezas, e não somente na cor do filtro antigo.
Segundo a Delphi, assim como no filtro de ar do motor, o uso de jatos de ar comprimido para limpeza do componente não é aconselhável, uma vez que pode ocorrer a ruptura do papel filtrante e impregnação de água e óleo no filtro. “A sensibilidade do filtro de cabine é grande. Se você utiliza qualquer artifício agressivo para limpeza, como o jato de ar comprimido, a peça será danificada”, diz Edson Roberto de Ávila, o Mingau, mecânico proprietário da oficina Mingau Automobilística.
A recomendação de todos os fabricantes é nunca optar pela limpeza e, sim, pela troca por um novo componente. O professor Fernando Landulfo, que também é consultor técnico de O Mecânico e CARRO, explica que filtros de elemento de papel são componentes descartáveis e qualquer tentativa de limpeza com líquidos ou ar em alta velocidade vai provocar sua completa inutilização. “Na melhor das hipóteses, uma tentativa de limpeza vai aumentar o vão livre entre as fibras do papel. O que, a partir daí, deixará passar partículas maiores do que as previstas em projeto. Ou seja: o filtro perde toda a sua eficiência.”
DICAS PARA A INSTALAÇÃO
A localização do filtro de cabine varia para cada modelo, sendo a região do porta-luvas uma das áreas mais comuns para a instalação. Na dúvida, consulte o manual do veículo. Outro ponto importante: esses filtros possuem lado correto de instalação. “Na hora da troca do filtro, fique atento à indicação do fluxo de ar nas lateriais do filtro, que mostram o lado correto de montagem”, lembra Mingau.
Curiosamente, veículos de alguns fabricantes saem de fábrica sem o filtro de cabine instalado, mesmo tendo ar-condicionado de série e local específico de acomodação. Neste caso, o ideal é optar pela instalação do item, disponível no pós-venda. “Também é importante fazer uma limpeza periódica do sistema. O filtro ajuda muito a evitar a entrada de materiais dentro do sistema de climatização. Mas não promove a remoção do que já está lá dentro. Limpeza essa que deve ser feita por profissional treinado, com produtos e equipamentos adequados e seguindo as recomendações do fabricante”, aponta Landulfo.
Além da troca periódica do filtro de cabine, é importante cuidar da limpeza de toda a cabine para evitar o acúmulo de vírus e bactérias no habitáculo. Quando receber qualquer carro na oficina, recomenda-se a esterilização do volante, maçanetas internas e externas, painéis de instrumentos, painéis de porta, apoios de braço, alavanca do câmbio e quaisquer outros pontos de contato constante.
Outra dica que pode ser estendida ao proprietário é desligar o ar-condicionado (mantendo somente a ventilação) cerca de 2 minutos antes de estacionar o carro. Isso irá ajudar a ajudar a diminuir a umidade na tubulação do sistema, reduzindo a chance de odores.
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