As reclamações são sempre as mesmas: no começo a rotação da motocicleta oscila um pouco, ocorrem alterações no desempenho, o motor morre, fica difícil de pegar ou não pega mais. Estes sintomas podem ter como causa o entupimento no filtro de combustível.
Na busca de uma solução, o reparador dedica horas do seu trabalho tentando encontrar a causa do sintoma de mau funcionamento da motocicleta. Na adrenalina da pressa o profissional às vezes esquece ou deixa para depois uma simples análise do filtro de combustível.
Será uma indicação que ao filtro não está sendo dada a devida importância? Porém o elemento é fundamental para o bom funcionamento do sistema de injeção eletrônica de combustível.
Quando trocar o filtro sujo? Devemos esperar a motocicleta dar os primeiros sinais de mau funcionamento? E os filtros não descartáveis, o que fazer?
Respondendo as perguntas: Os sintomas de mau funcionamento do motor nem sempre revelam a(s) causa(s) do problema. Na injeção eletrônica o mau funcionamento pode ter inúmeras causas e confundir a cabeça do mecânico, talvez essa seja a razão que em alguns casos a análise do filtro ficar para o segundo plano, mas fica o alerta: devemos priorizar o filtro como peça fundamental no diagnóstico, pois ele pode ser a causa dos problemas no sistema de alimentação do motor.
De tempos em tempos é necessário trocar o filtro externo, ele é descartável, assim evita-se a falha no fornecimento do combustível ao motor, dado pelo entupimento parcial ou total do elemento filtrante.
Sem querer ser cansativo, vale lembrar que a chateação e o desperdício de tempo poderiam ser evitados se a manutenção preventiva for praticada à risca. A troca do filtro antecipada, assim como outros itens de manutenção, estão definidas pelos fabricantes, para cada modelo de motocicleta há um intervalo de manutenção preventiva.
Veja os exemplos abaixo: O intervalo de troca do filtro externo está definido da seguinte forma:
Yamaha Fazer 150 – período de troca: a cada15.000 km (fonte: manual do proprietário – referência 2014)
Honda Bros 150 – período de troca: a cada 12.000km (fonte: manual do proprietário – referência 2013)
É bom para a oficina e melhor para o cliente, a cultura da manutenção preventiva evitará que a motocicleta “o deixe na mão”, esse entendimento fidelizará o cliente.
Diagnóstico da pressão da linha de combustível.
A pressão e a vazão na linha de combustível podem ser alteradas pela condição do filtro de combustível. Cada motocicleta trabalha com uma pressão definida, o diagnóstico da pressão de combustível faz parte da análise do desempenho da bomba e de mais elementos da linha de combustível como um todo.
Na dúvida é melhor trocar o filtro, a peça sendo original ou de boa marca não costuma ser de alto custo.
Nas motocicletas a autodiagnose do sistema de injeção eletrônica não tem como detectar alterações na pressão de combustível nem tão pouco efetuar o controle, seria bom se uma luz indicasse no painel que é necessário trocar o filtro, mas ainda não estamos com essa tecnologia, ao menos nas motocicletas mais populares.
A pressão do combustível tem o controle mecânico e não eletronicamente, e a bomba não é capaz de verificar e regular a pressão do combustível, por isso é necessário um regulador de pressão, no exemplo o componente é incorporado ao corpo da bomba de combustível.
Estruturas básicas da linha de combustível
Conhecer as estruturas facilitará os diagnósticos, o trajeto que o combustível faz do reservatório até o motor é conhecido como linha de combustível. A linha é composta de bomba de combustível, tubulação, filtro, regulador de pressão, injetor de combustível, etc. Na linha encontramos alguns tipos de filtros: filtro de tela incorporado à bomba, filtro externo e filtro de tela ao injetor de combustível. Os filtros de tela são laváveis, o externo é descartável.
Linha de combustível sem retorno de combustível para o reservatório:
1 – Bomba de combustível com regulador de pressão e filtro de tela
2 – Injetor de combustível
Linha de combustível com retorno de combustível para o reservatório
1 – Bomba de combustível e filtro de tela;
2 – Filtro de combustível externo (descartável);
3 – Regulador de pressão;
4 – Injetor de combustível.
Pressão padrão da linha de combustível:
Nos sistemas de injeção eletrônica cada modelo de motocicleta trabalha uma pressão de acordo com o projeto de fábrica, que em média , varia entre: 250 kPa – 330 kPa
A pressão proporciona vantagens quanto à vaporização e mantém a alimentação do motor bem uniforme.
Se for detectada pressão diferente ao valor de padrão verifique:
• Entupimento parcial ou total do(s) filtro(s) de combustível;
• Bomba de combustível;
• Regulador de pressão;
• Tubulações dobradas ou amassadas;
• Vazamentos de combustível.
De onde vem os resíduos presentes no combustível retidos no filtro:
• Sujeira no tanque;
• Ferrugem da parte interna do tanque de combustível;
• Combustível contaminado.
Benefícios do filtro de combustível
O filtro impede que as partículas presentes no combustível sejam depositadas no bico injetor provocando seu entupimento, evitando assim falhas de funcionamento e outras consequências relacionadas ao ajuste da mistura.
É bom esclarecer que no injetor nem toda sujeira é decorrente de resíduos que não foram retidos pela filtragem, em alguns casos os problemas de injetor são decorrentes da falta de uso da motocicleta, o combustível envelhece e cria uma formação no interior do bico causando alterações de vazão e o mau funcionamento.
Sintomas de mau funcionamento do motor causados por obstruções no(s) filtro(s) de combustível:
• Alterações na pressão e vazão do combustível;
• Mistura pobre (ar/combustível);
• Oscilações na marcha lenta;
• Dificuldade na partida;
• Motor “engasga” nas acelerações;
• Desempenho do motor abaixo do esperado;
• Motor não pega.
Outros pontos relacionados ao filtro de combustível – Nem todo filtro está visível na motocicleta, alguns ficam escondidos atrás de laterais e carenagens, alguns cuidados são necessários para evitar incêndio, já que estamos falando de filtro de combustível.
• Ao instalar o filtro verifique se as mangueiras estão bem encaixadas.
• Após a troca do filtro funcione a motocicleta e verifique se não há sinais de vazamento nos encaixes das mangueiras.
• Substitua as mangueiras do filtro caso haja algum dano.
• Não lave o filtro externo, ele não pode ser de reaproveitado.
• Verifique se não há mangueiras dobradas ou amassadas.
• Durante a instalação do filtro siga a orientação do fabricante, instale o filtro na posição indicada pela seta.
• Utilize combustível de boa qualidade.
• Lave o reservatório de combustível se notar a presença de resíduos.
• Troque o reservatório de combustível caso esteja com ferrugem.
• Não elimine o filtro de combustível do sistema de alimentação da motocicleta.
• Durante as inspeções verifique se a carcaça do filtro não apresenta trincas.
• Antes de trocar o filtro alivie a pressão na linha de combustível: remova o conector elétrico da bomba de combustível e ligue a motocicleta até que o motor pare de funcionar.
• Ao trocar o filtro não deixe cair combustível no motor, proteja-o com um pano.
• Nas motocicletas Titan 160 se o filtro de combustível for trocado, o ECM deverá ser inicializado (fonte: manual de serviços ano 2016).
• Ao tentar remover a tubulação do filtro de combustível cuidado para não quebrar o sistema de engate rápido, são peças frágeis .
• Ao remover a bomba de combustível cuidado para não quebrar o tubo da bomba.
Fonte: https://www.oficinabrasil.com.br/noticia/motos-e-servicos/motor-falha-marcha-lenta-instavel-e-a-moto-nao-pega-sera-que-e-o-filtro-de-combustivel