Gestoras explicam a mudança cultural que o setor recebeu ao longo dos anos e a inserção das mulheres nas oficinas
Em uma área de trabalho predominantemente voltada ao público masculino, algumas mulheres quebram o paradigma e se destacam como gestoras de oficinas mecânicas em Mato Grosso. No geral, mulheres se interessam cada vez mais pelo setor automobilístico, seja para trabalhar ou levar o carro para o conserto. Isso se dá graças ao crescente número de casais separados, o aumento de mulheres a trabalhar fora de casa e até mesmo das que prestam serviços de carona paga.
A empresária, Larissa Dalpiva, 33 anos, comanda sozinha uma oficina voltada para a manutenção de motocicletas, a Cirin Motos. Depois da morte do marido, há três anos atrás, ela se deparou com a responsabilidade de tocar o negócio que hoje faz 10 anos. Segundo Larissa, quando começou, os homens estranharam a presença de uma mulher na oficina, alguns duvidaram da capacidade dela.
“Mulheres podem trabalhar no que quiserem. Basta comprovar a competência. Meus colaboradores e eu fazemos cursos de qualificação com frequência. Os homens que uma vez duvidaram do meu conhecimento técnico descobriram a minha habilidade, principalmente com os detalhes e organização do trabalho”, afirmou.
É necessário haver uma mudança de cultura, explica a gestora Marísa Rosso, da Real Auto Center, ao relatar que a mecânica foi por muito tempo uma área dominada por homens. Para ela, hoje as mulheres estão independentes e muitas vezes não tem uma figura masculina por perto. Como para essas mulheres o carro é uma necessidade para o dia a dia, elas acabam por ter de levar o carro a oficina.
“Comumente as mulheres passam pelo constrangimento de não entenderem de carro. Não compreendem os defeitos que podem ocorrer, não conhecem as peças e alguns mecânicos não tem paciência para explicar. Na minha empresa promovi uma quebra desta antiga prática, hoje os nossos colaboradores estão mais sensíveis a explicação e tratamos de detalhar todos os procedimentos realizados de maneira muito transparente, levamos maior segurança”, explicou.
Há 25 anos no mercado, Roselene Gatto está à frente da Atacadão Auto Center. Da década de 90 para cá, ela viu a mudança nos hábitos dos clientes. Cada vez mais mulheres levam o carro até a oficina. Hoje Roselene tem até mesmo uma mecânica mulher, que descobriu em um curso voltado ao público. Apesar de ter um filho mais velho, quem herdará o negócio da família será a filha Alana Dall Agnol, de 23 anos.
Para Alana, ainda existe machismo dentro das oficinas, ela relata que alguns ainda têm dificuldade de acatar uma decisão de uma mulher em um ambiente masculino. Alana cursa administração e pretende levar inovação para dentro da empresa familiar. “A mulher tende a ser mais observadora e caprichosa no comando da equipe e no atendimento aos clientes. Temos a política de conscientizar os colaboradores a trazer uma experiência mais agradável ao público feminino”, afirmou.